O papel da linguagem

Dá para aprender com alguém ensinando errado?

O mais importante sucesso de uma revolução ocorrerá quando uma nova filosofia de vida for ensinada para todos e, se necessário, mais tarde forçada sobre eles. (...) A principal tarefa da propaganda é ganhar o povo para a nova organização. A segunda é a ruptura do estado de coisas existente permeando-o com a nova doutrina.

Adolf Hitler
(Mein Kampf)

A língua é o principal elemento agregador e unificador de um grupo humano. Sem um código bem estruturado, disseminado entre toda população ou, ao menos, entre a maioria, nenhum progresso pode ser verificado porque o conhecimento está fundado justamente no acúmulo e transmissão de informações objetivas. Se a linguagem de uma sociedade não consegue manter-se como parâmetro e como “universal” entre seus membros, ela deixa de ser uma ferramenta indispensável e torna-se uma alegoria inútil desta mesma sociedade.

Em uma postagem anterior eu me referi ao absurdo que é um livro didático que prega a indiferença entre o acerto e o erro, algo tão óbvio que a própria discordância já cria outro absurdo.

E não é que tem gente que discorda deste fato que julgo óbvio?

Pois bem, um comentário e dois e-mails recorrem ao mesmo artifício, que consiste em afirmar que, do ponto de vista da lingüística, aceitar uma “inadequação da linguagem" – um eufemismo para erro – faz parte do estudo “social” da linguagem. Mesmo que este estudo fosse mesmo relevante – e eu tenho minhas dúvidas quanto a isso – ele cabe exclusivamente ao ambiente acadêmico, as crianças e adolescentes nada tem a ver com isso e precisam de professores que os corrijam quando errarem.

O próprio conceito de aprender tem relação direta com a verdade e com a diferenciação entre acertos e erros. Ao abrir mão da correção, todo conceito de educação perde o sentido porque deixa de lado este que é seu principal fundamento. Aprender é aprender o certo. Fora dessa idéia só existe vigarice ou incompetência intelectual - no Brasil atual, as duas coisas.

Se alguns intelectuais orgânicos insistem em ver nos erros ortográficos e gramaticais as “características intrínsecas da expressão popular”, paciência, mas alunos devem aprender o que é certo e não devem ser prejudicados pela masturbação ideológica de seus mestres fajutos. Um livro didático que faz apologia ao erro e tira a importância do “saber o certo” deveria causar a demissão de todos os funcionários públicos envolvidos, inclusive e principalmente o Ministro da Educação, cujos absurdos são recorrentes (desastres no ENEM, provas ideológicas, cartilha gay, livros sem o Piauí, com dois Paraguais etc).

Cui Bono?

Muitas vezes fico perplexo com as notícias da educação no Brasil, mas não deveria. Tanta incompetência e descalabro nos órgãos que comandam a educação no país não é coincidência, azar ou punição dos deuses. É plano!

Os números indicam que as crianças brasileiras estão entre as mais inteligentes do mundo. Nossos universitários, por sua vez, ocupam os últimos lugares nos testes educacionais, ao lado de Zambia, Zaire, Haiti, Serra Leoa... 

O número de professores universitários no Brasil é proporcionalmente maior até do que os EUA, que têm a melhor educação do mundo; e nossas verbas para a educação pública não estão tão distantes das maiores potências. Mesmo assim, nossa maior universidade nem aparece na lista das 200 melhores do mundo.

O que isso significa? Que nossas escolas estão emburrecendo nossos jovens, ou seja, o plano está funcionando! 

Para entender absurdos como esses que afligem a educação das crianças e dos jovens brasileiros é necessário, mais uma vez, perguntar: cui bono? A quem interessa? Quem se beneficia com a destruição do sistema educacional?

Quem acompanha o que escrevo sabe que tenho alertado sobre a sistemática destruição dos pilares que sustentam nossa sociedade. Este plano tem muitas frentes e várias batalhas. Entre as mais importantes estão a educação e a linguagem, e isso pode ser explicado por meio de uma regra muito simples, já confirmada pela História: para implantar uma nova civilização, é necessário destruir não apenas "as coisas" da civilização atual, mas os conceitos que as fundamentam.

Quando uma palavra que denomina um conceito deixa de existir ou passa a ter outro significado, o próprio conceito que esta representa deixa também de existir ou passa a significar outra coisa completamente diferente, na maioria das vezes em consonância com os interesses dos poderosos.

A linguagem é uma forma de poder. Quem controla a linguagem tem o poder de influenciar as atitudes e as decisões das pessoas. A ditadura do politicamente correto é um exemplo: sacralizou umas palavras e demonizou outras. E nesse meio tempo deu poder a quem as representava na mente da opinião pública. Palavras como "sustentabilidade", "coletivo" e "social" passaram a definir o bom caráter de quem as proferisse, mesmo quando não significavam absolutamente nada. Por outro lado, chamar alguém de "conservador" passou a ser ofensa. Isso ainda predomina na imprensa e nas ruas.

Antonio Gramsci, um dos maiores idealizadores da burrice contemporânea, o homem que planejou detalhadamente a destruição da sociedade ocidental utilizando a cultura foi bem claro nesse aspecto. O italiano sabia da importância da linguagem como ferramenta revolucionária e deixou muitos escritos explicando como implodir a linguagem, a tradição e a cultura da nossa sociedade. Fazer apologia ao erro, como o livro aprovado pelo Ministério da Educação do Brasil, corresponde perfeitamente à execução deste plano maldito.

Pensamento de Manada:

O fato de que uma multidão de homens seja conduzida a pensar coerentemente e de maneira unitária a realidade presente é um fato "filosófico" bem mais importante e "original" do que a descoberta, por parte de um "gênio filosófico", de uma nova verdade que permaneça como
patrimônio de pequenos grupos intelectuais
Antonio Gramsci
(Concepção Dialética da História)

Para saber mais sobre a revolução cultural gramsciana, leia: 

4 comentários:

VeraBruxa disse...

Por que um tratamento diferente aos alunos de classes não privilegiadas? Ainda mais quando a escola é o único lugar que possuem para aprender o certo? Aceitar as diferenças culturais, a bagagem trazida de seu meio, considero importante, o que não significa aceitar o erro. O desfavorecido não precisa de pena, precisa de oportunidade. Vera Mosmann

María disse...

Con todo, hasta sin entender un idioma... Hay un lenguaje universal y es el del amor ¿verdad?

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Un besito :)
María

Profa. Dra. Renata C Bianchi de Barros disse...

Estou acompanhando.

Profa. Dra. Renata C Bianchi de Barros disse...

Estou acompanhando. Não concordo com tudo o que está aí, mas certamente a língua e o poder caminham juntos.